O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta para o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, reconhecendo o Estado palestino “nas fronteiras existentes em 1967”, segundo informação do Itamaraty divulgada nesta sexta-feira (3).
“A iniciativa é coerente com a disposição histórica do Brasil de contribuir para o processo de paz entre Israel e Palestina, cujas negociações diretas estão neste momento interrompidas, e está em consonância com as resoluções da ONU, que exigem o fim da ocupação dos territórios palestinos e a construção de um Estado independente dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967”, afirma nota do ministério das Relações Exteriores.
A iniciativa é uma resposta a correspondência enviada em 24 de novembro de Abbas a Lula. "Enquanto expressamos a Vossa Excelência o nosso orgulho das valorosas e históricas relações brasileiro-palestinas, que refletem suas posições firmes em relação ao nosso povo ao longo dos anos e em nossos recentes encontros, esperamos, nosso caro amigo, que Vossa Excelência decida tomar a iniciativa de reconhecer o Estado da Palestina nas fronteiras de 1967", escreveu o presidente palestino a Lula.
"Essa será uma decisão importante e histórica, porque encorajará outros países em seu continente e em outras regiões do mundo a seguir a sua posição de reconhecer o Estado palestino. Essa decisão levará também ao avanço do processo de paz e à promoção da posição palestina, que busca o reconhecimento internacional do Estado da Palestina. Esperamos que o nosso pedido possa receber sua bondosa aceitação e esperamos também que essa iniciativa possa ser tomada antes do fim de seu mandato presidencial", acrescentou Abbas.
Em 1º de dezembro, o presidente brasileiro respondeu à solicitação. "Por considerar que a solicitação apresentada por Vossa Excelência é justa e coerente com os princípios defendidos pelo Brasil para a Questão Palestina, o Brasil, por meio desta carta, reconhece o Estado palestino nas fronteiras de 1967", escreveu Lula.
"Ao fazê-lo, quero reiterar o entendimento do Governo brasileiro de que somente o diálogo e a convivência pacífica com os vizinhos farão avançar verdadeiramente a causa palestina. Estou seguro de que este é também o pensamento de Vossa Excelência", acrescenta.
O Itamaraty destaca que "o Brasil reafirma sua tradicional posição de favorecer um Estado palestino democrático, geograficamente coeso e economicamente viável, que viva em paz com o Estado de Israel. Apenas uma Palestina democrática, livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios israelenses por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional".
Procurado pela reportagem, o maior representante diplomático palestino no Brasil classificou o reconhecimento brasileiro como um "grande avanço".
“É um momento de alegria para o povo palestino, porque vem em concordância com o justo direito de nosso povo ter nosso próprio Estado e é um reflexo da política justa e equilibrada do governo brasileiro, do senhor Luiz Inácio Lula da Silva e de seu chanceler, Celso Amorim”.
Questionado pela reportagem sobre as consequências deste reconhecimento para as negociações de paz no Oriente Médio, o embaixador palestino afirmou que “com certeza ajuda”.
“Está baseado no direito internacional”, argumentou Al Zeben, “Deve contribuir para uma paz justa”.
Segundo o embaixador Al Zeben, a carta é suficiente para configurar reconhecimento formal. Dessa forma, o Brasil se torna o quinto país na América a reconhecer o Estado palestino, ao lado de Cuba, Nicarágua, Venezuela e Bolívia, segundo o diplomata. Ao todo, mais de cem países reconhecem o Estado palestino.
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