domingo, 16 de outubro de 2011

Para que as primaveras não se calem para sempre

Na Grande São Paulo, a expansão imobiliária tem pressionado cada vez mais os animais, pois áreas antes ocupadas por matas estão sendo abertas para construção de condomínios. Se antigamente as áreas eram ocupadas por sítios, agora eles estão sendo transformados em loteamentos para condomínios fechados.
Também as aves sofrem com a pressão urbana. O pesquisador Johan Dalgas Frisch, uma das maiores autoridades do país em aves, diz que nem mesmo os condomínios que se gabam em dizer que preservam parte do verde estão respeitando o meio ambiente.
- A maioria não utiliza no paisagismo as plantas nativas. Eles escolhem plantas ornamentais e com menor custo de manutenção. É o mesmo problema da arborização nas cidades. Desta forma, nossas aves não têm como fazer seus ninhos ou se alimentar - afirma Frisch.
Segundo ele, é preciso optar por árvores frutíferas nos locais onde há necessidade de projetos paisagísticos e, principalmente, manter a vegetação natural. Só assim, acrescenta, a Grande São Paulo pode deixar de afugentar os pássaros. Ele lembra que nos bairros onde a população se mobilizou e plantou árvores frutíferas os pássaros retornaram.
Trinta espécies da fauna da cidade de São Paulo estão na lista das ameaçadas de extinção e 22 estão em situação de risco. Das 372 espécies de aves que vivem no município e seus arredores, 24,5% são endêmicas da Mata Atlântica e 11% constam em algum nível de ameaça das listas estadual, nacional e global.
Ainda vivem na cidade 30 espécies rapinantes (gaviões, falcões e corujas), exímios predadores, 19 de beija-flores e 25 são saíras e sanhaços, que figuram entre as aves mais coloridas e belas, segundo o inventário de fauna do município.
O ornitólogo, pioneiro na gravação de cantos de aves na América do Sul, é autor de vários livros sobre o tema. Engenheiro industrial, herdou do pai a paixão pelas aves. O pai, Svebd Frisch, desenhava aves e em 1964 os dois publicaram, em co-autoria, o livro "Aves Brasileiras". Desde então, ele segue publicando livros sobre o tema, onde o principal objetivo é levar os cidadãos a replantar árvores nativas e assim garantir, em todo país, a sobrevivência das espécies. Ele acaba de lançar o livro "Para que as primaveras não se calem para sempre", no qual alerta para os riscos e as possibilidades de preservação.

Com O Globo

Um comentário:

  1. Celso,
    bom post, no entanto, é uma visão parcial do problema. Cidades como São Paulo desprezam árvores, frutíferas ou não. Ou melhor,os urbanistas também, pq as pessoas odeiam folham que possam cair em suas casas ou quintais, e detestam ver terra. Não sabem que um dos mais saborosos odores da natureza é o da terra molhada quando cai uma chuva que demorava a chegar. Então, olhe as árvores!, os urbanistas cercam os troncos das árvores com cimento ou asfalto, nas calçadas e ruas.
    Ora, quando vc olha uma árvore o que vc está vendo é metade dela, a outra metade está enterrada, na largura da copa e na profundidade. Por falta de lençol freático as raízes atrofiam, e elas desabam diante de uma pequena ventania. No meu blog tive a petulância de entrevistar uma imponente sibipiruna, veja lá o que pensam e sentem as árvores, por elas mesmas, "Se as árvores falassem": http://richardjakubaszko.blogspot.com/2010/07/corno-mas-sensato.html

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