“Ninguém pode querer passar a vida atrás de trincheiras e dentro de tanques”
O embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, jornalista, 56 anos, estudou na Jordânia e em Cuba. Como diplomata trabalhou em Cuba, Nicarágua, Peru, Bolívia, Brasil, Venezuela, Colômbia e Paraguai, também faz parte da Organização para Libertação da Palestina (OLP).
"O mundo não aceita um retrocesso nesse processo de paz, portanto, o que primeiro se fez foi ameaçar o não reconhecimento do governo de Hamas, caso não reconhecesse o processo de paz", afirma Ibrahim. Ele pediu para que a sociedade internacional ajude a manter a unidade nacional da Palestina e completa afirmando que "a OLP é a único e legítimo representante do povo palestino”, diz o Embaixador Ibrahim Al Zeben.
A Palestina histórica tem mais de 27.000 quilômetros quadrados, e ficou só com 6.090, mas mesmo assim o Embaixador Ibrahim, é otimista: ”Sim, é possível, não seremos o único estado pequeno no mundo. As fronteiras anteriores a 1967, que nos dá a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e metade de Jerusalém. Nós dividimos um território, podemos dividir uma capital. O que não podemos é ter a Palestina sem Jerusalém”.
Ibrahim acredita que a solução é pacífica, e que esta só é possível se Israel retornar ao debate sob a base do direito internacional. O Embaixador da Autoridade Palestina concedeu entrevista ao Portal CTB em sua recente visita à sede da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil:
Embaixador Ibrahim Al Zeben: O que existe agora é isso realmente, o Estado de Israel, mas não acredito que seja o interesse de Israel, porque o processo de paz não avança. Nós continuamos querendo um Estado Palestino soberano ao lado de Israel. Não houve avanços, só no sentido contrário, com mais assentamentos, fundamentalismo e ataques. É a hora do mundo, como testemunha da boa vontade palestina, ver que não está adiantando.
A ONU é a instância máxima da paz, da segurança. Nós sabemos que a negociação tem que ser com Israel, mas a admissão palestina na ONU não é assunto israelense, é questão de soberania palestina, não tem a ver com a negociação.
Portal CTB: Qual será o próximo passo nas negociações de paz?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Será sempre negociar com a ocupação, com a potência ocupante. Vamos seguir pelas vias pacíficas e legais, segundo o Direito Internacional. Esperamos que os Estados Unidos assumam seu poder histórico, seu papel de superpotência. Enquanto isso nós não vamos perder a esperança de um Estado livre, soberano e independente, lado a lado com Israel. As leis internacionais determinam dois Estados. Nós aceitamos as forças da ONU, da OTAN. Nunca, em nenhum momento a independência da Palestina será negociada com Israel.
O caráter internacional neste processo que deve ser restaurado o processo de paz entre Palestina e Israel. Entre dois estados soberanos a possibilidade de uma negociação de paz é mais possível.
Portal CTB: Durante a ocupação dos territórios palestinos pelos israelenses em 1967, que ficou conhecido como “Nakba”, a catástrofe, se os territórios daquela década forem reconhecidos os palestinos encontrarão suas antigas casas? Poderão usar a chave guardada que serve de símbolo da retirada?
Portanto, a obstinação do Hamas é apenas um fruto da diáspora palestina. E sua negação em reconhecer o estado de Israel é consequência da resistência israelense em reconhecer o estado palestino. Uma vez que acabar a causa, ou seja, a colonização judaica em nosso território, a consequência deve acabar também. Tenho certeza de que isso acontecerá.
O Hamas faz parte deste todo palestino favorável a uma convivência pacífica.
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Será sempre negociar com a ocupação, com a potência ocupante. Vamos seguir pelas vias pacíficas e legais, segundo o Direito Internacional. Esperamos que os Estados Unidos assumam seu poder histórico, seu papel de superpotência. Enquanto isso nós não vamos perder a esperança de um Estado livre, soberano e independente, lado a lado com Israel. As leis internacionais determinam dois Estados. Nós aceitamos as forças da ONU, da OTAN. Nunca, em nenhum momento a independência da Palestina será negociada com Israel.
O caráter internacional neste processo que deve ser restaurado o processo de paz entre Palestina e Israel. Entre dois estados soberanos a possibilidade de uma negociação de paz é mais possível.
Portal CTB: Em julho de 2009, o presidente dos EUA, Barack Obama faz um discurso considerado histórico pelo mundo mulçumano, em maio desse ano também em discurso voltou a defender o Estado Palestino com as fronteiras de 1967 e hoje após o apoio de mais de 140 países pela criação do Estado palestino Obama voltou atrás. O lobby israelense pode ter influenciado essa mudança de posição?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Esperamos tome suas posições esquecendo as eleições e que venha reconhecer o Direito Internacional como base, respeitar a pluralidade política, a democracia representativa e enaltecer o papel da mulher. Quanto a Israel, já é e continuará sendo um país reconhecido. Um dos primeiros passos será negociar com eles para que deixem nosso território. Para começar uma vida normal, precisaremos de nossas terras, porque estado sem território não existe. Também precisaremos de um mediador, uma terceira parte honesta que ajude com generosidade nosso processo de negociação.Portal CTB: Durante a ocupação dos territórios palestinos pelos israelenses em 1967, que ficou conhecido como “Nakba”, a catástrofe, se os territórios daquela década forem reconhecidos os palestinos encontrarão suas antigas casas? Poderão usar a chave guardada que serve de símbolo da retirada?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Não. Este é um dos temas que deve ser negociado com Israel. A questão dos refugiados é inegociável, um direito internacional, segundo a resolução 194, que prevê a obrigatoriedade de Israel em aceitar o retorno de todos os palestinos refugiados. O calendário de retorno do povo palestino as suas terras de origem, as suas moradias.
Eu ainda tenho a chave de minha casa daquela época, a casa de meus pais, mas a casa não existe mais.
Portal CTB: As negociações que envolveram recentemente a troca de prisioneiros com a libertação do israelense Gilad Shalit em troca da liberdade para mais de mil prisioneiros palestinos pode significar também um reforço da posição do Hamas, que controla a Faixa de Gaza?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Temos ainda mais de 6 mi prisioneiros e a troca, na qual Israel concordou em libertar 1.027 palestinos por um único israelense, é um modo de reparar a imagem manchada de Israel. A troca envolvendo acredito que toda resistência seja resultado de uma ação. No caso do Hamas, se existe resistência é porque existe a ocupação nos assentamentos judaicos. É uma relação de causa e efeito.Portanto, a obstinação do Hamas é apenas um fruto da diáspora palestina. E sua negação em reconhecer o estado de Israel é consequência da resistência israelense em reconhecer o estado palestino. Uma vez que acabar a causa, ou seja, a colonização judaica em nosso território, a consequência deve acabar também. Tenho certeza de que isso acontecerá.
O Hamas faz parte deste todo palestino favorável a uma convivência pacífica.
Portal CTB: Hamas não negocia de jeito nenhum com Israel, é uma tônica ou uma posição de defesa?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Esse governo de Israel nunca quis negociar. Mas o povo de Israel tem a última palavra. Até quando vão seguir em estado de guerra? Os israelenses podem fazer sua “primavera”, exigindo uma vida normal (como os manifestantes da Primavera Árabe). Ninguém pode querer passar a vida atrás de trincheiras e dentro de tanques, ou de muros que limitam sua liberdade e o direito de ir e vir, divididos e ver seus territórios ocupados por outro país.
Esse governo de Israel nunca quis negociar. Mas o povo de Israel tem a última palavra. Até quando vão seguir em estado de guerra? Os israelenses podem fazer sua “primavera”, exigindo uma vida normal (como os manifestantes da Primavera Árabe). Ninguém pode querer passar a vida atrás de trincheiras e dentro de tanques, ocupando outros países.
A OLP e o povo palestino são muito gratos a todos, e principalmente a CTB que é uma das entidades fundadoras do Comitê brasileiro de apoio a criação do Estado da Palestina. Mostrando que é uma entidade com grande presença e força nos movimentos brasileiros.
Celso Jardim entrevista embaixador da Palestina no Brasil – Portal CTB
Embaixador Ibrahim Al Zeben: Esse governo de Israel nunca quis negociar. Mas o povo de Israel tem a última palavra. Até quando vão seguir em estado de guerra? Os israelenses podem fazer sua “primavera”, exigindo uma vida normal (como os manifestantes da Primavera Árabe). Ninguém pode querer passar a vida atrás de trincheiras e dentro de tanques, ou de muros que limitam sua liberdade e o direito de ir e vir, divididos e ver seus territórios ocupados por outro país.
Portal CTB: Como o representante da Autoridade Palestina no Brasil vê o apoio do governo brasileiro a entrada da Palestina na ONU?
Embaixador Ibrahim Al Zeben: “O Brasil tem papel fundamental não somente na América do Sul, mas em nível mundial. É a oitava economia no planeta. O Brasil conseguiu, nos últimos oito últimos anos, se lançar ao mundo com sua verdadeira dimensão”.Esse governo de Israel nunca quis negociar. Mas o povo de Israel tem a última palavra. Até quando vão seguir em estado de guerra? Os israelenses podem fazer sua “primavera”, exigindo uma vida normal (como os manifestantes da Primavera Árabe). Ninguém pode querer passar a vida atrás de trincheiras e dentro de tanques, ocupando outros países.
A OLP e o povo palestino são muito gratos a todos, e principalmente a CTB que é uma das entidades fundadoras do Comitê brasileiro de apoio a criação do Estado da Palestina. Mostrando que é uma entidade com grande presença e força nos movimentos brasileiros.
Celso Jardim entrevista embaixador da Palestina no Brasil – Portal CTB
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