segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Conversando no Jardim

Estadista Global 
O presidente Lula foi homenageado no 40º Fórum Mundial de Economia, em Davos, Suíça, como Estadista Global em reconhecimento ao trabalho de levar o Brasil a alcançar as metas de desenvolvimento econômico e progresso social de maneira integrada e equilibrada. O presidente do Brasil não viajou devido a uma indisposição, o prêmio foi entregue pelo ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan ao ministro Celso Amorin.

Mas, eu nunca fui indicado
Dizem as más línguas que o ex-presidente FHC ficou frustrado com a premiação de Lula e se queixou a José Serra. Mas, eu estudei e dei aula na Université Sobornne, fui 8 anos presidente, privatizei importantes estatais, e nada. Serra, respondeu mas ele distribui renda, ele não deve a FMI como você ficou devendo, a inflação é menor, o poder de compra das classes mais baixa aumentou e o crescimento econômico do país está maior, e já o reconheceram em outros países também como líder.

Eu não acredito
Diante do silêncio de Serra e sua indiferença, FHC deve ter dito, e tem mais ele não é como você que ficou insistindo para eu privatizar a Vale do Rio Doce. Ele descobriu o pré-sal e nós abrimos o capital e quase colocamos um x na Petrobras. Ele é popular, gosta e é adorado por nordestinos, tem 80% de aprovação no país, e não tem a sua fama, viu Serra, de ser anti-nordestino, e ficar falando por aí que as enchentes foram causadas pela população da periferia, ou seja "coisa de pobre". Agora saí dessa.

O sobe e desce 
A primeira pesquisa eleitoral do ano do Instituto Vox Populi encomendada pela Rede Bandeirantes foi divulgada depois de um longo mistério. O resultado mostra que o governador de São Paulo, José Serra, caiu 5% em um mês, e a ministra Dilma Rouseff  subiu 10%. O que justifica segundo especialistas o atraso da divulgação pela TV Bandeirantes, aquela do apresentador da frase, "Isso é uma vergonha" e que adora os "garis" da mais baixa escala do trabalho.

Trecho da carta de um jovem 
Em 20 de janeiro de 1971, feriado, deu praia. Alguns de vocês invadiram a nossa casa de manhã, apontaram metralhadoras. Depois, se acalmaram. Ficamos com eles 24 horas. Até jogamos baralho. Não pareciam assustadores. Não tive medo. Eram tensos, mas brasileiros normais.
Levaram o meu pai, minha mãe e minha irmã Eliana, de 14 anos. Ele foi torturado e morto na dependência de vocês. A minha mãe ficou presa por 13 dias, e minha irmã, um dia. Vítimas de torturadores.

Poderia ser seu filho ou seu pai.
Sumiram com o corpo dele, inventaram uma farsa (a de que ele tinha fugido) e não se falou mais no assunto.
Quando, aos 17 anos, fui me alistar na sede do 2º Exército, vivi a humilhação de todos os moleques: nos obrigaram a ficar nus e a correr pelo campo. Era inverno.Na ficha, eu deveria preencher se o pai era vivo ou morto. Na época, varão de família era dispensado. Não havia espaço para "desaparecido". Deixei em branco. Levei uma dura do oficial. Não resisti: "Vocês devem saber melhor do que eu se está vivo." Silêncio na sala. Foram consultar um superior. Voltaram sem graça, carimbaram a minha ficha, "dispensado", e saí de lá com a alma lavada.

Não sabe onde o pai foi enterrado.
Então, só em 1996, depois de um decreto-lei, o Governo Brasileiro assumiu a responsabilidade sobre os desaparecidos e nos entregou um atestado de óbito.Até hoje não sabemos o que aconteceu, onde o enterraram e por quê? Meu pai era contra a luta armada. Sabemos que antes de começarem a sessão de tortura, o brigadeiro Burnier lhe disse: "Enfim, deputadozinho, vamos tirar nossas diferenças."

Um jovem brasileiro 
Diz, isso tudo já faz quase 40 anos. A Lei da Anistia, aprovada ainda durante a ditadura, com um Congresso engessado pelo Pacote de Abril, senadores biônicos, não eleitos pelo povo, garante o perdão aos colegas de vocês que participaram da tortura.Qual o sentido de ter torturadores entre seus pares? Livrem-se deles. Coragem. Esse é um pouco da história de um jovem, Marcelo Rubens Paiva, como outros jovens brasileiros que não sabiam ou não sabem sobre o paradeiro de seus pais durante os anos de chumbo da ditadura militar. E a revisão da Anistia ainda é contestada.

Um comentário:

  1. Celso, eu tinha lido esse artigo do Marcelo.
    Artigo brilhante, é óbvio.
    No seu blog , oportuno.
    É só.

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