quarta-feira, 11 de maio de 2011

Obama, Bush e o Barão de Itararé

Quis o destino que, na semana em que Obama comemorava (!!) a morte de Bin Laden (um assassinato ainda sem corpo — nem a foto apareceu), esse escrevinhador tenha pisado pela primeira vez em território dos Estados Unidos. E o fiz com o pé direito, direitíssimo eu diria: cheguei por Houston (Texas), cujo aeroporto leva o nome de George Bush – o genitor de W. Foi uma chegada cheia de simbolismos.
De Houston, segui para Los Angeles, onde batuco esse texto agora, tentando ainda me acertar com o fuso horário. Cidade estranha, triste. Free ways a perder de vista, ninguém nas ruas. O centro é asséptico, dominado por grandes edifícios envidraçados. O programa bacana aqui é visitar as praias dos milionários, as mansões dos “artistas”, e fazer compras. Nada disso me emociona. À primeira vista, Los Angeles me parece uma Barra da Tijuca piorada (e sem as montanhas maravilhosas do Rio). Mas deve ser má vontade minha.
O mais espantoso é chegar no aeroporto George Bush (Houston), e ler a Newsweek. O primarismo da revista, que comemora a morte de Bin Laden num editorial canhestro (“agora, o mundo árabe voltou a nos respeitar”), faz com que a gente entenda em que tipo de jornalismo a Veja busca inspiração.
Mas deixa eu falar de coisa importante. A viagem a Los Angeles, a trabalho, me impedirá de ir a um evento importantíssimo que acontece em São Paulo, na próxima sexta-feira: a festa de aniversário, de um ano, do Centro de Estudos Barão de Itararé.
Quando Altamiro Borges telefonou, no início de 2010, e me propôs organizar uma entidade que servisse pra fomentar o debate sobre Comunicação no Brasil, confesso que reagi com ceticismo: “Será que precisamos de mais uma entidade, Miro? Já temos o Intervozes, o FNDC… e tantos outros núcleos de pesquisa sobre o tema…”.
O Miro me convenceu. Mostrou que outras entidades podiam ter capacidade de estimular os estudos. Outras, de debater as políticas públicas. Mas faltava, talvez, uma entidade pra ajudar na articulação de tantas iniciativas importantes.
O Barão cumpriu esse papel!
Em um ano, ajudamos a organizar o Encontro de Blogueiros. Um marco, reunindo mais de 300 pessoas em São Paulo em 2010. O encontro nacional se desdobrou em vários encontros estaduais, por todo o Brasil (semana passada, tive a felicidade de participar da reunião no Rio, com quase 200 blogueiros).
O Barão também organizou um ato contra o golpismo midiático, no auge da baixaria da campanha eleitoral de 2010; promoveu debates; e, em 2011, ajudou a articular a Frente Parlamentar da Comunicação. Sem falar na defesa do Plano Nacional de Banda Larga.
Por isso tudo, e pelas batalhas que ainda virão, o Barão tem muito pra comemorar. Muito mais do que o Bush e o Obama.

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador

Um comentário:

  1. "Agora, o mundo arabe voltou a nos respeitar"? DEUS do ceu! Esses estadunidenses nao veem o mal que produzem com essa prepotencia? Bin Laden, assim como Saddam Hussein, foram aliados dos EUA. Quando eles matavam em favor dos EUA havia protecao desse pais para aqueles. Sinceramente, o mundo inteiro esta' perdendo o respeito pelos EUA. E, sinceramente, acho que o Brasil precisa rever a sua defesa.

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