O Brasil comemora os 80 anos de João Gilberto
Um dos mais geniais – e considerado também um dos mais excêntricos – cantores brasileiros torna-se octogenário. João Gilberto, um dos pais da bossa nova, nasceu em 10 de junho de 1931, em Juazeiro, Bahia. Violonista desde menino, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1950, disposto a ganhar o Brasil com seu violão e sua voz; ganhou o mundo.
Seu encontro com Tom Jobim foi decisivo. Foi o outro pai da nova forma que a música brasileira assumia. Se João Gilberto inventou a forma de cantar e tocar violão típicas da bossa nova, o maestro Tom deu-lhe a necessária roupagem instrumental e, muito importante, levou o cantor baiano ao encontro do movimento que surgia, juntando jovens artistas, intelectuais, estudantes. Gente do porte de Vinícius de Moraes, por exemplo.
Quando apareceu o disco Chega de Saudade, em 1958, na voz de Elizete Cardoso, com Chega de Saudade (de Tom e Vinícius) de um lado e Desafinado (de Tom e Newton Mendonça) do outro, a consagração foi imediata. Abriu as portas do mundo, conquistado depois com Garota de Ipanema (Tom e Vinícius, de 1962) e com a adesão de pesos pesados do jazz como Charlie Byrd e Stan Getz.
Músico preciso e exigente, é conhecido por cobrar silêncio absoluto de suas plateias, tendo algumas vezes abandonado suas apresentações pelo meio, devido a ruídos no público ou problemas técnicos com o som. Ele tem razão e direito. Sua música, delicada, só pode ser apreciada em sua inteireza com muita atenção. Faz parte das vozes do Brasil moderno, do despertar nacional nas décadas de 1950 e 1960, e permanece como um signo nacional reconhecido mundialmente.
Celso Jardim reproduz texto de José Carlos Ruy
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