sexta-feira, 1 de julho de 2011

Médicos são vítimas do próprio plano que criaram

Foram os próprios médicos que criaram os planos de saúde
Caso das Cooperativas de Médicos, como a Unimed. Eles reclamam que recebem pouco das entidades que criaram e controlam
Chegam a chamar os planos de "Susão"
Associações que representam os médicos decidiram na noite desta quinta-feira, em assembleia, paralisar o atendimento a dez planos de saúde no Estado de São Paulo. Cerca de 500 profissionais, dos 58 mil que atendem usuários de convênios, participaram da reunião.
Juntos, esses dez convênios reúnem quase 3 milhões de usuários em SP --no total, existem no Estado 18,4 milhões de beneficiários e 327 operadoras de planos de saúde.
Porto Seguro, Gama Saúde, GreenLine, Intermédica, ABET (Telefônica), da Caixa Econômica Federal, Cassi (Banco do Brasil), da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da Embratel e Notredame são os convênios atingidos.
A paralisação, por tempo indeterminado, afetará apenas uma especialidade médica por vez. Por exemplo: em uma semana, clínicos-gerais deixarão de atender por três dias esses convênios. Na seguinte, é a vez dos oftalmologistas, e assim por diante.
São, ao todo, 53 especialidades médicas, o que pode fazer com que a paralisação dure um ano inteiro por meio desse rodízio. O cronograma de paralisação será definido nos próximos 20 dias.
A estratégia, segundo Florisval Meinão, vice-presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), é pressionar esses planos a negociarem um reajuste dos honorários pagos aos médicos.
Segundo a categoria, entre 2003 e 2009 as operadoras deram um aumento de 44%, em média, índice abaixo da inflação no período. A FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa as 15 maiores operadoras do Brasil, diz que entre 2002 e 2010 as afiliadas reajustaram os médicos em 116%.
NEGOCIAÇÃO
No último dia 7 de abril, os médicos já haviam realizado uma paralisação nacional que afetou todos os planos de saúde. No dia, eles atenderam apenas urgências e emergências.
Desde então, as entidades que representam a categoria dizem tentar negociar com 15 operadoras, que foram escolhidas aleatoriamente em uma primeira rodada de negociações.
As dez que sofreram boicote não responderam às solicitações de negociação ou não informaram o quanto pretendem reajustar.
Os médicos querem passar a receber dos planos R$ 80 por consulta. Hoje, dizem, recebem em média R$ 30. Eles querem ainda a inserção, no contrato com as operadoras, de uma cláusula que preveja reajuste anual nos honorários com base no índice de aumento das mensalidades dos usuários autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

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