Em entrevista ao Portal da UJS, Daniel falou sobre as principais propostas de sua campanha e os caminhos que vislumbra para a entidade
Portal da UJS: Você foi lançado recentemente candidato a presidência da UNE. Como tem encarado esse desafio e por que quer ser presidente da UNE?
Daniel Iliescu: A União Nacional dos Estudantes é um dos símbolos mais fortes da democracia no Brasil. Há décadas representa os estudantes de todo o país e interfere na vida política nacional. Este é o desafio de uma geração: ajudar o Brasil a percorrer os caminhos e as lutas para tornar-se uma nação mais justa e desenvolvida. O movimento estudantil brasileiro está muito amadurecido e se prepara para vôos maiores. Encaramos com muito entusiasmo, tanto o Congresso quanto os desafios que virão. Temos a confiança e o respeito de todos os que nos acompanham de perto e queremos muito ajudar o país a dar passos largos e ousados, em especial, na área da Educação.
Portal da UJS: Há uma tentativa permanente da imprensa em caracterizar a UNE de hoje como uma entidade de poucas lutas, chegando a fazer certas comparações grosseiras como utilizar das mobilizações juvenis da Europa e do mundo Árabe para dizer que aqui a juventude não se mobiliza. O que você acha disso?
DI: Vejo que uma parte da mídia tem uma visão ultrapassada e caricata da UNE e da sociedade civil organizada. Outros veículos, no entanto e cada vez mais, têm valorizado o crescente protagonismo da juventude e dos estudantes em todas as esferas da vida pública. Dois claros exemplos de efervescência política: a 2ª Conferência Nacional de Juventude e o 52º Congresso da UNE, cada um deles com milhões de pessoas dando opinião e organizando campanhas e lutas. Em 2011, inúmeras manifestações de rua reforçaram esse protagonismo crescente, desde atos contra o aumento das tarifas de ônibus em várias capitais até a Jornada de Lutas de março deste ano, que levou a campanha "Educação tem que ser 10!" a cento e vinte universidades em mais de quarenta cidades.
Portal da UJS: A UNE é chamada para dar opinião sobre todos os temas relevantes para o país. O que você tem achado do governo de Dilma Rousseff, quais são para você os principais obstáculos do atual governo na luta por construir um projeto de desenvolvimento?
DI: Dilma foi eleita pela maioria dos brasileiros para aprofundar um projeto de transformações para o Brasil. Somos, ainda, um país muito desigual. A superação destas desigualdades e o desenvolvimento do país devem ser, portanto, as prioridades do governo. O Brasil avançou muito nos últimos anos, mas ainda estamos muito distantes de ver consolidadas as transformações desejadas. É preciso, então, acelerar o passo!
As principais dificuldades encontradas são de convicção e de correlação de forças. O governo fez algumas escolhas, no início do ano, com as quais discordamos, como o corte no orçamento e mais um aumento da taxa de juros. Essas medidas não jogam a favor do desenvolvimento, pelo contrário, desaceleram o crescimento e combinadas à sobrevalorização do dólar, o país pode correr o risco de desindustrialização. A UNE defende um projeto de desenvolvimento democrático e autossustentável, soberano e solidário, com distribuição de renda, valorização do trabalho e da produção para um povo e uma juventude mais feliz. Entendemos que nosso papel é pressionar os governos e dialogar com a sociedade para que o país avance.
Portal da UJS: Qual você acha que deva ser o foco de atuação da UNE nos próximos dois anos?
DI: A UNE deve estar concentrada em interferir no debate educacional no Brasil, ajudando o país a investir 10% do PIB e 50% do Fundo Social do pré-sal na educação, a erradicar o analfabetismo e ampliar o acesso e a qualidade do ensino superior. A UNE deve convocar um grande debate do que há de melhor no pensamento brasileiro atual. Deve discutir com artistas, políticos, esportistas, jornalistas, acadêmicos sobre o Brasil da década que se inicia. Qual o projeto de país? Qual o papel do Desenvolvimento e da Educação? Assim, estará, lado a lado com o conjunto dos movimentos sociais brasileiros, mobilizando a população em torno de bandeiras unitárias e estratégicas para o país, como a redução da jornada de trabalho, as reformas agrária e urbana, entre outras. E estará decidida a estruturar-se e enraizar-se cada vez mais, lançando campanhas, organizando atividades, ampliando sua ação na internet, consolidando sua ouvidoria, avançando na construção de sua sede, mobilizando passeatas, percorrendo o Brasil.
Fonte: Portal da UJS
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