As críticas de Marina Silva ao suposto apetite do PV por cargos provocaram uma rebelião no comando do PV- Partido Verde. Marina foi duramente atacada em reunião organizada às pressas pelo presidente da sigla, José Luiz Penna, em Brasília. Participaram cerca de 20 pessoas, algumas com cargos no governo paulista e na Prefeitura de São Paulo, administrada pelo DEM. A senadora não foi chamada.
"Todos ficaram indignados". disse Marcos Belizário, secretário municipal da Pessoa com Deficiência em São Paulo. "Estou espantado. Acho um absurdo a pessoa comentar isso de seus dirigentes, seus colegas, das pessoas que se dedicaram à campanha dela."
Segundo Belizário, aliado do prefeito Gilberto Kassab (DEM), Marina teria demonstrado desprezo pela direção partidária. "Do meu ponto de vista, foi uma grosseria dela. Eu me senti ofendido", disse.
Os dirigentes traçaram uma estratégia para demonstrar poder e minar os planos da senadora, que tem indicado que pretende se declarar neutra no segundo turno.
Penna convocou uma reunião da Executiva Nacional do partido na próxima quarta-feira, em Brasília. O encontro pode precipitar a decisão da legenda, que havia sido adiada para o dia 17, a pedido da candidata derrotada.
Na Executiva, em que Marina tem apenas 10 de 60 votos, a tendência é pela aprovação do apoio a Serra, mesmo que os filiados sejam liberados para tomar outras posições em caráter pessoal.
Para reduzir a desvantagem numérica, a senadora havia convencido a cúpula partidária a transferir a decisão sobre o segundo turno a um colegiado mais amplo, com a participação de ambientalistas, religiosos e militantes do Movimento Marina Silva, incluindo delegados sem filiação ao PV.
Marina criticou o apetite de dirigentes do partido por cargos. Ela ironizou a notícia de que o PSDB ofereceria quatro ministérios em troca do apoio a Serra.
"Quatro ministérios pro PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade", disse a senadora.
Marina pretende divulgar hoje uma versão resumida de seu plano de governo, a ser entregue aos candidatos Serra e Dilma Rousseff (PT).
A senadora dá sinais de que pretende influenciar o debate eleitoral e arrancar compromissos dos dois presidenciáveis sem se comprometer com apoio a um deles.
Se a ideia for levada à frente, Marina dirá que deu sua contribuição ao país e que quem votou nela no primeiro turno agora pode julgar livremente as promessas de Dilma e Serra para fazer sua escolha. Na visão de aliados, a senadora poderia dividir seu eleitorado e perder o discurso de terceira via ao declarar apoio a PT ou PSDB.
Tá na cara que a direção do PV não vê a hora de fechar apoio ao candidato que sempre lhe deu espaço e emprego no governo de São Paulo. Marina não tem maioria e nem controle do partido.
Fonte: Folha de S.Paulo
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