terça-feira, 30 de março de 2010

Nem todos conseguem ver as margaridas

A mídia golpista e alienada não mostra em sua programação de TV e nem nas capas de revistas e jornais a luta diária de mulheres trabalhadoras rurais por esse imenso país. Mulheres que trabalham 12, 14 horas diárias lavrando a terra e garantindo a produção de alimentos e cuidando da família, como as mulheres da agricultura familiar.

Grande espaço da programação e noticiário prioriza os casos de depravação de Paris Hilton, a socialite que tem fama internacional de devassa, ou as constantes prisões por alcoolismo do Noemi Campbell, ou Britney Spears, entre outras, como Madona que José Serra fez questão de recebê-la no Palácio dos Bandeirantes. A quem isso interessa?

A TV Globo prefere mostrar os glúteos femininos no BBB- Bial-Boçalidades-Besteiras, a TV é uma concessão do governo e faz parte da legilslação ter programação educativa e voltada a cultura do país. O formato do programa é importado. E nesses meses após o besterol segue a novela onde mostra traições, as mulheres e seus conflitos.Nada contra a beleza feminina, só a favor. Mas, é isso que querem ver?

Poucas pessoas conhecem a vida de milhares de trabalhadoras rurais como as integrantes do movimento Marcha das Margaridas, nome cooptado de uma líder sindical, Margarida Alves, que foi brutalmente assassinada na porta de sua casa com um tiro no rosto disparado por um homem encapuzado que atirou com uma espingarda calibre 12.

Margarida Alves foi assassinada a mando de usineiros na Paraíba por vingança, pelo fato que ela tinha denunciado o trabalho escravo cometido na Usina Tanques ao Ministério do Trabalho. 
De propriedade de Zito Buarque, a usina foi acusada de abusos contra canavieiros e o descumprimento da legislação trabalhista. 
Dos cinco acusados de serem os mandantes do crime, apenas dois foram julgados e absolvidos: Antônio Carlos Coutinho e José Buarque de Gusmão Neto, conhecido como Zito Buarque.

Agnaldo Veloso Borges já faleceu e os irmãos Amaro e Amauri José do Rego permanecem foragidos.Com repercussão internacional, o processo Margarida Alves está na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). 

Mesmo com a absolvição de Zito Buarque, a corte internacional permanecerá examinando o caso. José de Arimatéia Alves nunca mais vai se esquecer do dia 12 de agosto de 1983. Ele tinha apenas dez anos quando viu sua mãe, a líder sindical Margarida Alves, ser assassinada quando estava na porta de sua casa.

A cena do corpo de sua mãe todo ensaguentado e jogado no chão perturba José Arimatéia há 26 anos.A história de Margarida Alves e da luta das mulheres do campo é sem dúvida um retrato daqueles que lutam pela reforma agrária, pelos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, e pela igualdade social e por garantir a produção de alimentos.

A vida das mulheres trabalhadoras rurais não deve interessar a mídia alienada, golpista e também aos que não conseguem enxergar as margaridas e nem a necessidade da reforma agrária.

Um comentário:

  1. Muito boa a sua abordagem sobre a mulher do campo.
    Meus parabéns.
    Aproveito para saber se posso reproduzir em meu espaço esta matéria.
    Abraços

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