quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Desconstruir o preconceito é o melhor caminho

Para tentar agradar os falsos fazem de tudo
O preconceito é ideológico
Como o preconceito é, sobretudo, ideológico, segundo nos afirma a ex-prefeita de São Paulo e atual deputada federal reeleita pelo PSB (SP), Luiza Erundina, nem sempre ele aparece de forma explícita. “As próprias piadas e certas reações jocosas, aparentemente inofensivas, são expressão desse preconceito arraigado e incorporado em nosso comportamento”, salienta Erundina. Segundo ela, que é paraibana, ninguém está isento disso: “até mesmo nós, eventualmente vítimas desse tipo de comportamento, nos pegamos tendo reações que o reafirma”, pontua.
Desconstrução
Luiza Erundina pondera que os últimos atos de agressividade empenhados contra nordestinos – surgidos, sobretudo, no estado de São Paulo –, como o da estudante de direito, ocorrem em momentos mais “agudos” da história, de mudança. Ela lembra que o Brasil foi governado por oito anos por Lula, e, agora, terá como presidente uma mulher.
Para a deputada, acontecimentos que fogem dos padrões provocam manifestações ideológicas, de intolerância contra o diferente – “do ponto de vista de raça, de gênero, de origem, de classe social” – que “ousa ocupar espaços historicamente ocupados por determinados segmentos da sociedade”.
Veio, então, uma sacada, com o fim de reforçar a desconstrução do preconceito contra o nordestino. Segundo conta Erundina, ela nunca se sentiu diminuída ou humilhada por sofrer preconceito. Ao contrário. “Fiz dessas questões das quais eu era vítima um pretexto para reforçar minha participação na luta contra o preconceito e a discriminação”, salienta.
Para ela, “se ficarmos recolhidos, vitimizados ou diminuídos, estaremos contribuindo para a reprodução dessa cultura que precisa ser mudada. E cultura não se muda nem por lei, nem por vontade de um e de outro, mas é uma mudança de mentalidade de uma maioria de determinada sociedade”, explica a paraibana.
Logo que chegou a São Paulo (SP), Juciara cursou o primeiro ano do ensino médio no Colégio Davi Aguiar Dias, no bairro onde mora. Ela revela que o fato de ser baiana e negra foi primordial para ser um dos alvos principais de gozação da turma. “Me chamavam de 'nega preta' e 'nega encardida'; eu queria voltar para minha casa, na Bahia, e não ir mais para a escola”, conta
A baiana Juciara engrossa o coro com a ex-prefeita e atesta que, quando retornar à sala de aula para completar o segundo e o terceiro anos do ensino médio, nenhum tipo de ato preconceituoso vai incomodá-la.
O conselho da paraibana à baiana e a todos os brasileiros afeitos à tolerância é: “temos que ter paciência histórica, como dizia Paulo Freire, e não nos sentir diminuídos; temos que travar essa luta”.

Com Brasil de Fato

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