quarta-feira, 7 de abril de 2010

General, lugar de encenação é no Teatro Oficina



A rede Globo entrevistou há três dias o general Leônidas Pires, que foi ministro do Exército no governo Sarney e, no regime militar, chefiou o DOI-CODI do Exército, no Rio de Janeiro, de março de 1974 a janeiro de 1977.

O general ficou famoso pela frase que mais usava aos seus comandados, “Não deixe levantar as mãos, mate antes” (veja abaixo), admitiu que houve tortura durante o regime, “Acho que ela, lamentavelmente, ocorreu".

Mas, "para ser uma mancha, ela foi muito aumentada por nossos antagonistas para justificar algumas coisas que eles fizeram e achavam que tinham o direito de fazer”. É sempre assim, não admitem nunca que causaram sofrimento, tortura e morte a centenas de brasileiros.

Uma das reparações da repressão do golpe de 64, entre outras aguardadas, acontece nesta quarta-feira (7), a partir das 14h no Teatro Oficina, o ator e diretor José Celso Martinez Corrêa participa, ao lado de representantes do governo, de um julgamento especial no qual receberá o perdão oficial do Estado, concluindo seu processo de anistia política, cuja tramitação na Justiça dura desde 2002. Vamos ver se a Globo cobre o acontecimento.

José Celso Martinez Corrêa foi abordado por agentes da ditadura militar no dia 22 de maio de 1974. Ele foi encapuzado e levado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na capital paulista, onde passaria quase um mês. Durante sua prisão, sofreu tortura e ficou confinado em uma solitária. A motivação da prisão, no entanto, nunca foi revelada.

O diretor foi solto em 17 de junho de 1974 e permaneceu em liberdade condicional, tendo de se apresentar semanalmente ao Dops. Sem nenhuma condição de trabalho no Brasil, a Comunidade Oficina Samba - o antigo grupo Oficina - se organizou ao longo daquele ano e, a partir de setembro, partiu para Portugal.

O exílio durou aproximadamente cinco anos e o grupo trabalhou com teatro e cinema em Lisboa, Moçambique, Paris e Londres. A partir de 1979, Zé Celso e os artistas do Oficina voltaram ao país e iniciaram um movimento de renovação do grupo. Zé Celso declarou em depoimento:

"Por muitos anos, tentei recalcar para poder sobreviver e viver de novo os danos causados pela ditadura no meu corpo, na minha alma, no meu trabalho profissional e no de minha criação, o que vale também para o corpo físico do Teatro Oficina, para sua alma, para os trabalho de todos que se deram, e para a nossa contribuição à criação e à cultura brasileira. Posso afirmar mesmo que a ditadura operou sobre mim e o Oficina, o que Glauber Rocha chamava de assassinato cultural...”

O general e seus enredos teatrais;  ato 1, "Vocês querem por uma lente numa pulga e transformá-la em um elefante":  ato 2, "Grande show, não tem grande show", ato 3, "Onde se dá chocolate não se dá tiro, onde se dá tiro não se dá chocolate:

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