Desde novembro, as equipes trabalharam na leitura de mapas anteriores a 1971, quando os militares promoveram uma grande descaracterização da área. O maior cemitério da América Latina teve árvores plantadas e quadras eliminadas ou renumeradas, num grande esforço para que o trabalho que ora se realiza fosse inviabilizado. “É um desafio bastante grande, mas a intenção é enfrentá-lo integralmente”, resume Marlon Weichert, procurador da República em São Paulo.
Mais de 20 ossadas foram retiradas ao longo desta semana de cinco sepulturas do cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, na operação de busca por desaparecidos políticos da ditadura militar (1964-85). O foco desta etapa do trabalho era a localização do corpo de Virgílio Gomes da Silva, o comandante Jonas, morto pela repressão durante sessão de tortura em 1969 na capital paulista.
O processo de exumação foi acompanhado pelo Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, pelo Sindicato dos Químicos e pela família de Virgílio, autores do pedido que motivou a movimentação em Vila Formosa. “A gente tem mais esperança agora que vê que os trabalhos estão acontecendo, mas entende que ainda é como buscar uma agulha no palheiro”, afirma Isabel Gomes da Silva, filha de Virgílio.
Os familiares são decisivos também para auxiliar o Instituto de Criminalística da Polícia Federal (PF) a localizar sinais que possam levar à identificação do corpo. Entre as ossadas exumadas esta semana, boa parte está em péssimo estado de conservação, o que deixa poucas esperanças quanto à possibilidade de utilização do material genético fornecido pelos parentes. O depoimento da esposa de Jonas, Ilda da Silva, é importante para excluir possibilidades. Ela informou aos policiais que o marido não tinha dentes na parte superior da arcada, o que pode servir como critério para descartar alguns corpos.
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