quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Têm professores que ainda acreditam nos tucanos

A médica pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno, critica o governo de São Paulo por impedir a posse de professores aprovados em concurso público para a rede estadual de ensino por tirarem licença por motivo de depressão, em algum momento da carreiras. Para ela, as exigências para contratação de professores são "absurdas" e "discriminatórias".
No início de fevereiro, o governo estadual decidiu impedir professores de assumir aulas na rede pública por classificá-los como obesos. Professores míopes também estariam vetados na seleção.
Segundo Maria Maeno, buscar excelência em produtos e serviços é desejável, mas esse conceito não se aplica às pessoas. "Como é que todos nós vamos ser sempre excelentes, sempre bem humorados, sempre saudáveis, sempre felizes?", questiona. "Isso não existe, isso não é humano", determina a médica.
A especialista também vê uma inversão do papel da Medicina e do próprio Estado na política de seleção de professores em São Paulo. "A medicina não pode ser usada nesse sentido, deveria ser utilizada com o objetivo de incluir as pessoas", dispara.
"Mesmo pessoas com depressão podem continuar trabalhando. Não tem importância que tomem medicação, mas se encontrarem no trabalho um ambiente acolhedor isso será muito benéfico para o trabalhador e seu tratamento", defende Maria Maeno. "Infelizmente não é o que acontece", constata. A depressão em muitos casos é um problema momentâneo, devido à morte de um parente, ensina a pesquisadora.
Por trás desse tipo de avaliação estaria a concepção de homem perfeito, já observada em outros momentos da história. "Já tivemos experiências no passado recente em que isso aconteceu, como na Alemanha, por exemplo", lembra.
Maria Maeno teme que a propagação desse tipo de mentalidade, tanto no serviço público como em empresas, torne uma “aberração” em algo natural. "É preciso cortar o mal pela raiz", indica.

Com Brasil de Fato

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