Privatização da segurança explica "extermínio" de pobres e negros em alguns estados no Brasil, diz pesquisador
Os negros correm duas vezes mais riscos de morrer assassinados do que os brancos no Brasil, segundo o Mapa da Violência 2011, divulgado na quinta-feira (24). Segundo o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo estudo, alguns estados têm taxas insuportáveis de homicídios de pobres e de negros. Os dados empregados são de 2008.
"O que acontece com a segurança pública é o que já aconteceu com outros setores, como educação, saúde, previdência social: a privatização", resume Waiselfisz, segundo a Agência Estado. "Quem pode, paga a segurança privada. Os negros estão entre os mais pobres, moram em zonas de risco e não podem pagar", ressalta.
Ele afirma que a situação não é premeditada, mas teria características de um "extermínio". "A distância entre (assassinatos de) brancos e negros cresce muito rápido", frisa. Seis anos antes, a diferença já existia, mas era de 20%.
Os assassinatos entre brancos apresentam queda no período (22,7% a menos), enquanto continuam crescendo entre negros (12,1% a mais). Entre jovens de 15 a 24 anos, o número de homicídios diminuiu 30% entre brancos e aumentou 13% entre negros.
O estado da Paraíba apresentou a maior diferença entre assassinatos de brancos e negros: 1.083%. Alagoas aparece a seguir, com 974,8% a mais de mortes de negros. A diferença é menor em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Acre, segundo os autores do estudo. Em 11 estados, a diferença passa dos 200%.
Com Brasil de Fato
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