segunda-feira, 7 de março de 2011

Bloco "Que merda é essa?" desfila o preconceito

Em Ipanema, o 'Que Merda é essa?' recebeu cerca de 10 mil foliões. A polêmica, no entanto, esteve presente desde a preparação do bloco , que desfilou ao ritmo do "é proibido proibir".
A camisa e o enrendo do Que Merda foram alvo de críticas, por fazer uma sátira ao parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), que, ano passado, vetou a distribuição às escolas públicas do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, por considerar racistas algumas de suas passagens.
O bloco Que Merda é Essa?! embalado pela polêmica, se não bastasse a letra do samba composto por Machado, Paulinho Bandolim, Renan Brandão, Deivid Domênico, Rodrigão, Fernando e Boca - que atira para todos os lados - a camiseta também está dando o que falar. Assinada por Ziraldo, ela mostra Monteiro Lobato abraçando uma mulata de biquíni. O desenho é uma sátira ao parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), que, ano passado, vetou a distribuição às escolas públicas do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, por considerar racistas algumas de suas passagens.
Foram distribuídos pelo presidente do bloco, Paulo Costa, cerca de 100 cartazes com frases que satirizam o parecer de 2010 e o Conselho Nacional de Educação (CRE), que classificou o livro de Monteiro Lobato como racista.
"Atirei o pau no gato: incitamento à violência", e " O teu cabelo não nega: racismo", são algumas das inscrições atribuídas a "delegacia do patrulhamento ideológico" citadas nos cartazes.
Nosso bloco foi alvo de protesto por bobagem. Carnaval é irreverência - apontou Rodrigo Gonçalves, um dos compositores do samba-enredo do bloco.
Foi bem no clima de irreverência que os foliões acompanharam o desfile do bloco. A bancária Luciane Machado, 38 anos, carregava uma placa com a frase "Meu marido é preto" enquanto desfilava pela Avenida Vieira Souto.
- Desfilo todos os anos, mas esse ano está sendo especial. O tema veio bem a calhar por causa dessa hipocrisia em que vivemos. Acho uma baita palhaçada essa onda de protestos, uma grande besteira - desabafou ela, que encontrava coro no marido, o funcionário público Wagner Guerreiro, 40 anos.
Enquadradas no grupo do politicamente incorreto, mulheres fantasiadas de gatinhas se diziam parte do clã "Me atirei no pau do gato", com samba-enredo cheio de apropriações ("Me atirei no pau do gato/Mas o gato/Não comeu/Dona Chica reclamava/Do bilau, do bilau que não cresceu"), acompanharam todo o desfile.
- Há cinco anos repetimos a brincadeira. Carnaval é para essas coisas - defendeu a artista plástica Maria Alice "Baby" Bittencourt, uma das líderes.

Com O Globo

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