terça-feira, 29 de março de 2011

Programa de Habitação em SP: Minha Árvore, Minha Vida

Engraxate mora em árvore em plena av. Radial Leste, uma das mais movimentadas
Augusto não lembra direito há quanto tempo vive lá em cima, a seis metros do chão. Primeiro, diz que já se passaram "três Natais". Depois, corrige: "Foram cinco". Do motivo para evitar a rua ele se recorda bem.
"Depois que picaram fogo nos mendigos da Sé, que estavam dormindo lá na praça, resolvi ficar aqui em cima. Também deram comida com chumbinho para eles. Daí eu engraxo, pego umas moedas e faço meu próprio miojo."
Augusto se refere ao assassinato de sete moradores de rua do centro de São Paulo em agosto de 2004. Outros oito ficaram gravemente feridos. Não foi um caso isolado.
Em maio de 2010, seis sem-teto foram baleados -cinco morreram- quando dormiam no Jaçanã (zona norte).
Segundo o último censo de moradores de rua feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), divulgado em junho de 2010, São Paulo tem 13 mil pessoas nessa situação.
Augusto mora numa das regiões mais movimentadas da cidade. Só no período da manhã, quase 30 mil veículos passam diariamente ao lado de residência improvisada, de acordo com dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
"Durmo tranquilo. Pode buzinar o quanto quiser, eu nem ligo", ri.
Sua casa é equipada. Tem TV, partes de um colchão (com molas), travesseiros, ursos de pelúcia, objetos de higiene pessoal e alimentos. A TV não funciona, "porque ainda falta puxar eletricidade", explica.
Quem passa próximo às enormes raízes da árvore pode acabar tropeçando em latinhas de cerveja, calcinhas, preservativos e bitucas de cigarro. "O banheiro? Eu vou lá em cima mesmo. Mas jamais na cabeça dos outros, eu tenho um balde."

Com UOL

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